Um indivíduo faz o check-in num hotel na Austrália. Havia um computador no quarto, por isso pensou enviar um e-mail à mulher. Contudo, ao escrever o endereço engana-se e sem que desse pelo erro, envia o e-mail para um outro destino.
Algures em Houston, uma viúva chega do funeral do marido. A viúva decide ir à sua caixa de correio electrónico na expectativa de encontrar mensagens de familiares e amigos. Após ler a primeira mensagem, ela desmaia. O filho entra no quarto a correr, encontra a mãe no chão, e repara no ecrã do computador que diz:
Para: Minha querida esposa
Assunto: Já cheguei
Sei que estás admirada por receberes notícias minhas mas eles agora têm cá computadores e permitem que se envie e-mails aos nossos entes queridos. Acabei de chegar e já me fizeram o check-in. Estou a ver que já prepararam tudo a contar com a tua chegada já amanhã. Estou ansioso por te ver! Espero que a tua viagem seja tão sossegada quanto a minha.
P.S.: Está um calor abrasador cá em baixo!!
Episódio I
Afonso de Albuquerque, depois de ter destruído vários portos tributários do Rei de Ormuz decidiu, ao comando de seis naus com cerca de 400 homens a bordo, entrar na baía de Ormuz tendo ficado cercado por 250 navios de guerra inimigos a que se juntava um exército em terra de cerca de 20.000 homens. Quando o Rei mandou um emissário a bordo para saber quais as suas intenções, Afonso de Albuquerque enviou-lhe uma curta mensagem: «Renda-se!»
Episódio II
Uma caravela portuguesa levava ostensivamente a bandeira das quinas no seu mastro mais alto ao entrar na baía de Cádiz, onde se encontrava a esquadra do Rei de Espanha, naquele tempo conhecida por «Invencível Armada». Interpelado pelos espanhóis para baixarem o seu estandarte à entrada do porto, abriu fogo à esquadra inteira, causando-lhe danos significativos e, após ter passado em combate por toda a fileira de navios de guerra espanhóis, acabou por saír incólume do porto de Cádiz, fugindo para Portugal.
Episódio III
No verão de 1574 D. Sebastião decidiu, sem prevenir ninguém, fazer uma investida a África deixando a corte em pânico sem saber onde estava o seu Rei. Quando desembarcou com meia dúzia de fidalgos alucinados em Ceuta os árabes retiraram pensando que aquele era um grupo avançado de uma força maior. Sem ninguém para combater, D. Sebastião ruma a Tânger onde lhe acontece o mesmo. Frustrado, volta para casa sem ter conseguido andar à porrada.
Moral:
A nossa história está recheada destes episódios que demonstram que, ao longo dos tempos, o povo português nunca teve grande noção do que andava por aí a fazer. Podemos romanticamente acreditar que tudo isto não era mais que coragem, bravura, e temeridade. Mas a realidade é que desde os primórdios que somos uma cambada de inconscientes sempre de peito feito, para o que der e vier. Por isso, quando vejo na televisão que os portugueses se estão nas tintas para a gripe das aves, e para as vacas loucas, e para os nitrofuranos, lembro-me invariavelmente da nossa ancestral e encantadora falta de noção. Vem-me sempre à cabeça a resposta do capitão António da Silveira, cercado pelos turcos em Diu: «Fiquem sabendo que aqui estão portugueses acostumados a matar muitos mouros e têm por capitão António da Silveira, que tem um par de tomates mais fortes que as balas dos vossos canhões e que todos os portugueses aqui têm tomates e não temem quem não os tenha!». Delicioso. Que falta de noção num excesso de nação.
Cerco de Lisboa. Ano de 1147. Mal sabia Martim Moniz, a correr alarvemente para a fresta de uma das portas do Castelo de São Jorge (hoje designada por Porta de Martim Moniz), que estava a iniciar uma tradição. Ao morrer entalado na porta do castelo que queria tomar, permitindo assim que os seus companheiros penetrassem nas defesas inimigas, Martim Moniz deu origem a uma das mais antigas tradições nacionais: a tradição do entalado. Desde esse momento, gerações e gerações de indivíduos entalaram-se alegremente para que outros pudessem safar-se à grande e à portuguesa, neste jardim à beira-mar adubado. Desde então pouco mudou, à excepção de uma pequena nuance: são cada vez mais os entalados – pouco menos de 10 milhões, para ser mais preciso.
Aqui fica uma boa maneira de entreter o vosso filho de quatro anos quando o metem na cama e, ao mesmo tempo, de lhe estimular a imaginação: «Vim desejar-te boa noite e ajeitar-te os lençóis, Joãozinho. Tiveste um dia em cheio, por isso, trata de dormir bem. E não te esqueças de ter cuidado com o Papão. Lembras-te do que o pai te disse sobre o Papão? De como mata rapazinhos? O que achas Joãozinho, achas que o Papão está aqui escondido no teu quarto? Será que está no armário? Será que vai saltar lá de dentro e matar-te mal eu me vá embora? Pode ser que sim. Nunca se sabe. Talvez esteja debaixo da cama. Também gosta de se esconder lá. Se calhar vai abrir um buraco no colchão e matar-te. Não deixes que ele te mate Joãozinho. Sabes o que ele faz? Espeta um tubo de metal afiado pelo teu nariz e chupa-te os miolos. E isso dói muito. Agora, vou apagar a luz e deixar-te sozinho no escuro. E não quero ouvir barulho. Se ouvir algum barulho vindo deste quarto, venho cá e bato-te. Tenta dormir bem. A propósito, o pai viu um monstro a passear no corredor ontem à noite. Tinha um papel na mão com o teu nome escrito. Boa noite.» Escrito por George Carlin
"Faz as contas comigo. Se aos teus pais não lhes tivesse dado para a brincadeira naquela noite tu não estarias neste momento a ler este texto. E se os pais deles não se tivessem enrolado naquelas precisas noites, também aqui não estarias. Aliás, se os avós e os bisavós, e todos os outros antes, não o tivessem feito, era pouco provável que estivesses a tentar seguir o meu raciocínio. Para tu estares aqui a ler o post houve muita gente envolvida. Recua por exemplo 8 gerações e já tens 250 pessoas a enrolar-se para aqui chegares. Se continuares a regredir até ao tempo de Shakespeare vai ter 16.384 antepassados a trocar fluídos em teu favor. Há 20 gerações, o número de pessoas que procriaram em teu proveito ascende a 1.048.576. Cinco gerações antes disso houve pelo menos 33.554.432 homens e mulheres de cujas inspiradas uniões a tua existência depende. Se recuarmos ao tempo dos lusitanos de Viriato, há 64 gerações, este número de cúmplices aumenta para um milhão de trilião. E aqui é que está o busilis da coisa: um milhão de trilião é um número mil vezes superior ao número de todas as pessoas que alguma vez habitaram este pequeno planeta. Significa isto que eu fiz mal as contas? Não. As contas estão feitas para linhagens puras, ou seja, considerando trocas bem sucedidas de fluídos de pessoas de familias diferentes. Assim sendo, sabes o que tudo isto significa? Que para tu hoje chegares aqui houve incestos para caraças!!"
(inspirado por Bill Bryson e a sua «Breve História de Quase Tudo»)
Lamento a interrupção mas acontece que o descanso é merecido (mesmo para quem não faz nada na vida). E dito isto resta acrescentar que volto ao activo em Setembro. A todos um muito obrigado e até lá...
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